Pela primeira vez no Brasil, Theresa May fala sobre a sustentabilidade da saúde em Congresso da Abramge e chama a atenção para os problemas relacionadas à saúde mental
O National Health System (NHS), sistema de saúde público britânico, tem como objetivo oferecer atendimento a todo o cidadão. A ex-primeira ministra do Reino Unido Theresa May compartilhou a experiência do sistema de saúde inglês e os seus desafios durante o o 28° Congresso Abramge, que é realizado em São Paulo, nos dias 21 e 22 de novembro. Porque sim, embora bem-sucedido, o sistema possui pontos a serem trabalhados.
“O Reino Unido tem muito orgulho do seu sistema de saúde. Todos recebem o mesmo suporte do NHS. Isso está no coração do nosso sistema, que é um serviço universal”, destacou May, que supervisionou o maior aumento de recursos destinados ao serviço de saúde nacional.
Um dos maiores desafios, segundo ela, é o fato de que a população está envelhecendo, tem mais doenças e por isso utiliza mais o NHS, o que gera uma pressão sobre o sistema.
Segundo ela, outra questão importante é que todos possam usar o NHS, “Isso é fundamental. Garantir a igualdade e que a qualidade do tratamento e a disponibilidade seja a mesma em todo o Reino Unido é um ponto-chave”.
Como é a jornada do paciente?
No sistema de saúde britânico é recomendável que cada pessoa tenha um clínico geral, que irá monitorar o paciente.
Há muita discussão do NHS com foco nos hospitais, principalmente com os clínicos gerais. Inclusive, ela explica que os médicos clínicos gerais são os primeiros a serem procurado. “Ele saberá se pode resolver ou direcionar para um especialista em um hospital. Se há emergência, a pessoa vai direto para o hospital e terá acesso imediato”, explica May sobre a forma de evitar sobrecarga e pressão nos hospitais.
O terceiro elemento no sistema que tem aumentado são os farmacêuticos que têm conhecimento técnico para resolver questões simples. “Se for ao hospital, aumenta a pressão. Que a pessoa passe para o sistema de saúde após uma triagem apropriada. A triagem diminui a pressão sobre o sistema”.
“O NHS é maravilhoso, mas há uma lista de espera para alguns tipos de tratamentos que, infelizmente, aumentou ainda mais por conta da covid”.
Sobre a incorporação de tecnologias, conforme a ex-primeira ministra, há um grau de independência no nível local sobre incorporar medicamento e tecnologia e adotar de acordo com orçamentos e necessidade da população local.
Saúde mental
Ela chamou a atenção para os problemas relacionados à saúde mental, que aumentaram após a pandemia causada pela Covid-19, em 2020.
Os príncipes de Gales, William e Harry, contribuíram enormemente para falar abertamente sobre saúde mental e trabalharam com filantropia sobre saúde mental para jovens. “Isso ajudou na conscientização. A saúde mental é uma questão que me preocupa e está aumentando entre os jovens. A saúde mental tem impacto econômico”
Mesmo com a contribuição dos príncipes, segundo May, em muitas áreas no Reino Unido há um estigma atrelado à saúde mental. “Devemos encorajar as gerações mais jovens a terem mais controle com a sua saúde e informar como elas podem manter a saúde. Obesidade pode levar a uma série de problemas de saúde. Essa informação é muito importante. Mas há um desafio: a tecnologia, pois os jovens buscam respostas no dispositivo móvel”, diz May que suscitou a reflexão sobre como os mais jovens se dispõem a utilizar o sistema de saúde.