Autocuidado em saúde: valor para o indivíduo e a sociedade

Fortalecimento do autocuidado representa economia concreta para os sistemas de saúde

O autocuidado tem ganhado relevância crescente nas agendas de saúde pública, especialmente diante do envelhecimento populacional, da alta carga de doenças crônicas e da necessidade de sustentabilidade dos sistemas público e privado de saúde.

Mais do que um conjunto de práticas individuais, o autocuidado se consolida como uma estratégia coletiva que promove a autonomia do cidadão, contribui para o bem-estar social e gera impactos econômicos significativos.

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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), autocuidado é a capacidade de indivíduos, famílias e comunidades cuidarem da própria saúde, prevenirem doenças, manterem o bem-estar e lidarem com enfermidades, com ou sem o apoio de profissionais. Essa definição abrange uma ampla gama de ações: desde a higiene e alimentação até a prática de atividades físicas, o uso racional de medicamentos, o cuidado com a saúde mental e o monitoramento de sinais e sintomas.

O fortalecimento do autocuidado, além de melhorar a qualidade de vida, representa uma economia concreta para os sistemas de saúde. Estimativas indicam que, globalmente, essa prática pode gerar uma economia de até US$ 119 bilhões até 2030, ao reduzir atendimentos evitáveis e otimizar o uso de recursos médicos. Trata-se de uma evidência clara de que o autocuidado é uma solução eficiente diante da crescente pressão sobre os sistemas públicos e privados de saúde.

Esse impacto positivo não se restringe apenas aos custos diretos. Outro dado relevante mostra que o autocuidado pode resultar na economia de mais de 11 bilhões de horas de pacientes, poupando tempo em deslocamentos e filas desnecessárias. Esses números reforçam que a prática beneficia não apenas o sistema, mas também o tempo e a experiência dos cidadãos com a saúde.

No Brasil, um estudo publicado por Antônio César Rodrigues no Journal of Basic and Environmental Sciences (JBES) traduz essa lógica global para o contexto nacional: para cada R$ 1 investido em autocuidado, até R$ 7 retornam ao sistema de saúde. Essa economia ocorre pela redução de consultas de baixa complexidade, uso mais eficiente de medicamentos e diminuição de internações evitáveis. O dado ilustra como o incentivo ao autocuidado pode gerar um ciclo virtuoso de benefício econômico e melhoria na gestão dos recursos em saúde.

Complementando essa perspectiva, um estudo conduzido pelo ILAR (Indústria Latino-Americana de Autocuidado Responsável) reforça o impacto do autocuidado em situações cotidianas. O uso de medicamentos isentos de prescrição para condições comuns, como resfriado, diarreia e candidíase poderia gerar uma economia anual de até US$ 601 milhões no Brasil.

Além disso, haveria uma redução de até US$ 2,5 bilhões em perdas associadas ao absenteísmo, demonstrando como o autocuidado também preserva a produtividade e reduz impactos indiretos sobre a economia. 

Considerando os cinco países avaliados – Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e México , o estudo identificou um cenário ainda mais amplo: o uso desses medicamentos em 50% dos casos poderia representar uma economia anual de US$ 1,3 bilhão para os sistemas públicos de saúde e uma redução de US$ 2,1 bilhões em perdas de produtividade.

Esses números mostram que o autocuidado, quando adotado em escala regional, tem potencial transformador para a saúde pública e para o desenvolvimento econômico. Mas o valor do autocuidado vai além dos números. Ele fortalece a autonomia do indivíduo, promove a corresponsabilidade pela saúde e contribui para uma cultura mais ativa e consciente. A construção de políticas públicas que incentivem essa prática é essencial para ampliar seus benefícios e democratizar o acesso a soluções de cuidado acessíveis, seguras e eficazes.

Nesse sentido, Associação Brasileira da Indústria de Produtos para o Autocuidado em Saúde (ACESSA) tem se empenhado pela aprovação do projeto de lei que reconhece o dia 24 de julho como o Dia Nacional do Autocuidado.

A criação da data ajudará a fomentar campanhas educativas baseadas no lema “cuidar da sua saúde 24 horas por dia, sete dias por semana”, sensibilizando a população e os profissionais de saúde sobre a importância do tema. Além disso, a institucionalização da data contribuirá para a formulação de diretrizes e iniciativas conjuntas entre o poder público e empresas e organizações.

A criação de marcos institucionais como o Dia Nacional do Autocuidado e do Guia Prático do Autocuidado da ACESSA (em construção) voltados à população e ao governo reforça a consolidação do autocuidado como política estratégica.

Essa mobilização integrada é o caminho para um sistema de saúde mais eficiente, humano e sustentável — um sistema em que o cuidado começa por cada um de nós, mas cujos efeitos beneficiam toda a sociedade. Seus benefícios vão além da esfera individual: reduzem custos, otimizam recursos e promovem saúde em larga escala. Investir no autocuidado é reconhecer que uma sociedade saudável começa com escolhas conscientes e políticas públicas que apoiem essa transformação.logo-jota

Fonte: Jota

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