Não é de hoje que sabemos: prevenir doenças reduzindo fatores de risco no dia a dia e monitorando o histórico familiar pode ser tão impactante para a saúde quanto o diagnóstico precoce de uma enfermidade. Mas o que precisa ser dito com mais ênfase é que essas estratégias também são fundamentais para a saúde financeira do sistema. Evitar complicações, internações e atendimentos de urgência alivia a sobrecarga assistencial e cria um círculo virtuoso, em que todos ganham: operadoras, profissionais de saúde e, principalmente, o beneficiário.
Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) revelam uma realidade preocupante. Das cifras bilionárias movimentadas pelo setor – quase R$ 350 bilhões em 2023 –, apenas 0,25% foi direcionado a programas de prevenção e promoção da saúde. É o menor índice desde 2018. E mesmo nos melhores momentos, nunca superou 0,5%. São números incompatíveis com a retórica dominante de que a prevenção é prioridade.
A boa notícia é que esse movimento começa a ganhar mais reconhecimento. A ANS já oferece bônus em suas avaliações de desempenho às operadoras que adotam programas de promoção da saúde e prevenção de doenças – hoje, 221 operadoras já mantêm 420 programas em curso. Mas é preciso ir além. Incentivos mais robustos, tanto regulatórios quanto financeiros, podem acelerar a virada de chave. A prevenção precisa deixar de ser exceção para tornar-se regra.