Quando o comportamento da criança e do jovem vira sinal de alerta

Psicóloga da rede Meu Doutor Novamed dá dicas sobre a saúde mental de crianças e adolescentes

Nos últimos anos, a saúde mental de crianças e adolescentes vem ganhando cada vez mais atenção. Crises de ansiedade, depressão e transtornos psicológicos passaram a ser uma preocupação crescente entre pais e responsáveis. Diante deste cenário, a psicóloga Gabriella Braga, da rede Meu Doutor Novamed (Méier), explica porque é tão difícil identificar essas questões, ensina como os pais podem ajudar no processo e aponta os sinais de alerta para a identificação de comportamentos que indicam a necessidade de busca por ajuda psicológica.

Como detectar que uma criança ou um jovem precisa de atendimento psicológico? 

Gabriella Braga – A criança, diferentemente do adulto, possui um cérebro ainda em desenvolvimento. Assim, algumas habilidades podem estar ausentes ou ser precárias. Independentemente disso, existem barreiras que impedem a criança ou o adolescente de se expressar de forma clara, algo que até para um adulto, muitas vezes, é difícil.   

A vergonha, o medo e a ansiedade são emoções que geram muito desconforto e sofrimento quando não identificadas e manejadas de modo correto, e inevitavelmente afetam o comportamento da criança. Observar o comportamento é um bom caminho para perceber níveis de sofrimento que levam à necessidade de busca pela ajuda psicológica. 

Exemplos de comportamentos que podem indicar sofrimento: choro constante, irritabilidade aumentada, agressividade, desobediência excessiva, evitação e/ou isolamento. Lembrando que um marcador importante é a intensidade e o nível de prejuízo causado em atividades que deveriam ser realizadas de maneira normal e feliz.  Quando em excesso, é hora de buscar ajuda. 

Qual o papel dos pais no processo de convencimento dos filhos para o tratamento psicológico? Como essa abordagem pode ser realizada?

Gabriella Braga – Os pais têm um papel fundamental na orientação e no acolhimento. Obviamente, as circunstâncias da vida também afetam as emoções dos pais. No entanto, é importante oferecer um espaço de diálogo com comunicação adaptada ao entendimento da criança, levando à compreensão das situações.  A melhor abordagem sempre será  a do diálogo, da orientação e do acolhimento. 

O teleatendimento pode ser tão eficaz quanto o presencial?   

Gabriella Braga – Sim. O teleatendimento possui a mesma eficácia em termos de acompanhamentos psicológicos.  No entanto, algumas circunstâncias devem ser avaliadas, pois no caso de crianças, dependendo da idade e das necessidades, o atendimento presencial pode ser mais funcional. Para o adolescente, o teleatendimento tem a mesma eficácia do atendimento para adultos. 

Quais são os principais quadros que levam à procura de jovens e crianças por atendimento psicológico?

Gabriella Braga – O desconhecido gera medo e insegurança. Uma criança ou adolescente ainda está aprendendo a se adaptar ao mundo, às diferenças, e vivenciando outras emoções, algumas mais complexas e impactantes. Com isso, entendemos que o que está no “centro” dos transtornos de ansiedade, por exemplo, é o medo.  O que  varia é para onde esse medo está direcionado: medo do julgamento, do abandono,  de novas responsabilidades, vergonha, dificuldade de adaptação,  dificuldade de se comunicar, medo da rejeição e do bullying, além de um ambiente que invalida e é hostil. 

A ansiedade e a depressão podem surgir como consequências dessas circunstâncias, somadas a outros fatores ambientais e biológicos da  criança e do adolescente.

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