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Ameaça Invisível: O Impacto do Sedentarismo na Saúde Brasileira

O mundo inteiro parou nas últimas semanas para assistir às competições esportivas, o que fez com que as reflexões sobre a importância de se colocar o corpo em movimento e estabelecer práticas para combater o sedentarismo voltassem à pauta do dia. No Brasil, as estatísticas nos servem de alerta:  segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), ocupamos o quinto lugar no ranking mundial de países com o maior número de sedentários e somos o líder na América Latina. Combater o sedentarismo está entre as principais medidas para a prevenção de doenças na população, além de ser uma prática essencial para garantir longevidade com qualidade de vida.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 47% dos brasileiros são sedentários e, entre os jovens, o número cresce de forma preocupante, chegando a 84%. O contexto de uma rotina altamente tecnológica – cercada de dispositivos como, por exemplo, os que garantem que atividades rotineiras sejam feitas por comando de voz, sem que o indivíduo precise levantar ou se mover – tende a agravar essa condição.

A recomendação da OMS – que já reconheceu recentemente estarmos vivendo um momento de epidemia de inatividade – é de que crianças e jovens façam, pelo menos, 60 minutos de atividade física por dia. Para os adultos, a carga indicada é de, pelo menos, 150 minutos semanais de exercícios aeróbicos. Prestar atenção a esses marcos é perceber que realizar uma atividade física pode não ser o suficiente para tirar o indivíduo da faixa do sedentarismo, já que é necessário conciliar regularidade e intensidade.

Diversas iniciativas estão sendo implementadas para combater esse quadro no Brasil, como programas de bem-estar corporativos em empresas privadas, por exemplo. A educação também desempenha um papel crucial, com campanhas que promovem os benefícios da atividade física e explicam os riscos do sedentarismo, além de incentivar hábitos saudáveis desde cedo nas escolas.

Embora a tecnologia possa contribuir para a inatividade, ela também pode ser uma aliada na promoção de um estilo de vida ativo, por meio de aplicativos fitness, dispositivos vestíveis que monitoram a atividade física e programas de exercícios online, motivando as pessoas a se movimentarem mais.

Os efeitos de uma vida sedentária são devastadores para a saúde, associados a doenças crônicas como hipertensão, cardiopatias, diabetes, obesidade, depressão, ansiedade e alterações de humor. Mulheres na menopausa e homens idosos experimentam perda de força muscular e equilíbrio, resultando em fragilidade e menor independência. Investir em exercícios aeróbicos e de força é essencial para mitigar esses efeitos.

O ideal é que todo indivíduo que entre na fase adulta já tenha a prática de exercícios físicos como um hábito consolidado em sua rotina. Para isso, matricular crianças e jovens em esportes ou atividades lúdicas é o primeiro passo para que os exercícios se associem a um momento prazeroso. A conscientização da população passa também pelas campanhas. No mundo todo, empresas e instituições têm investido em programas que estimulem a prática de esportes, que vão desde as bolsas de estudo para estudantes atletas até gincanas, premiações e descontos em academias. O importante para mudar essa realidade é dar o primeiro passo e não parar mais de se exercitar.

Combater o sedentarismo no Brasil exige um esforço multifacetado, que inclui campanhas educativas e o uso estratégico da tecnologia. A chave para o sucesso é a colaboração entre toda a sociedade. Somente a partir de um esforço conjunto poderemos superar o quadro de inatividade e construir uma nação mais saudável e longeva.

Dra. Thais Jorge é diretora da Bradesco Saúde

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