“A superdotação pode ser uma fonte de recursos e habilidades valiosas para os autistas”, afirma Adriel Pereira, membro do RG TEA, grupo dedicado a informações sobre o autismo
O autismo e a superdotação são vistas por muitos como condições antagônicas e que não podem ser conciliadas na mesma pessoa, mas esse é um mito pois, apesar de terem algumas características distintas, elas também possuem várias associações.
Estudos indicam que existe uma relação entre a predisposição ao autismo e a superdotação que pode ocorrer devido a genes em comum em ambas as condições.
Mas isso não significa que todas as pessoas superdotadas sejam autistas, ou vice-versa. Embora muitos genes e variantes possam ser compartilhados, há também genes diferentes envolvidos em cada condição.
A relação entre superdotação e autismo
De acordo com o analista de sistemas, Adriel Pereira da Silva, de 42 anos, possui superdotação e autismo, membro do RG TEA – Grupo formado por pesquisadores, autistas e pessoas envolvidas com o tema para promover informações científicas sobre o TEA, apesar das diferenças, há muitos pontos em comum entre autismo e superdotação.
“A superdotação e o autismo são condições muito diferentes, mas podem compartilhar algumas características, como uma concentração intensa em áreas específicas, altas habilidades em campos como matemática ou música, e padrões de pensamento fora do comum”, conta.
A superdotação pode atenuar sintomas do autismo
Quando as duas condições se manifestam na mesma pessoa pode haver uma relação de moderação entre as duas, principalmente em relação aos sintomas do autismo.
“No meu caso, por exemplo, por ter uma capacidade cognitiva maior, devido à superdotação, consigo usar estratégias como o “masking” para lidar com as interações sociais do dia a dia, que sofrem por algumas características do autismo”.
“Eu me esforço para participar, mesmo que não goste, de atividades que exigem interação social para me adaptar ao que a sociedade espera. Isso, claro, tem seu preço, como esgotamento e crises de ansiedade, mas as minhas habilidades cognitivas também me ajudaram a criar formas de superar desafios”.
“Ou seja, a superdotação pode ser uma fonte muito importante de recursos para indivíduos autistas, ajudando no desenvolvimento e na superação de dificuldades, como aconteceu comigo”, relata.